27/03/2011

SACOLAS PLÁSTICAS – a maior vilã?

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O plástico, dependendo de sua consistência, destinação e processo de fabricação, pode levar de 100 a 450 anos para se decompor na natureza. O Brasil consome por ano, em média, mais de 5 milhões de toneladas de plástico. No mundo, são produzidos, anualmente, 500 bilhões de unidades de sacolas plásticas (1 milhão por minuto). No Brasil, mais de 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente, onde, numa cidade como Curitiba/Pr, são consumidas 900 milhões de sacolas plásticas no período de 12 meses.

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Os números acima são alarmantes. É muito lixo. E com a estrutura presente em nosso país, tanto para recepcionar e estocar o lixo em ambiente próprio quanto para reciclar, a tendência é que o problema já ocasionado por esse plástico só venha a aumentar. E pouco adianta apelar para a consciência ecológica do povo, pois ela evolui lentamente, se comparado à produção e despejo desse material em local impróprio.

Cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e outras tantas pelo Brasil, já têm leis específicas em relação à distribuição desses sacos plásticas pelo comércio aos seus clientes. No Rio de Janeiro, por exemplo, a Lei 5.502/09, restringe o uso de sacolas fabricadas em filme plástico em todo o comércio fluminense. Somente no Rio de Janeiro, deixam de circular cerca de 2,4 bilhões de unidades por ano, em vistas dessa Lei. Como alternativa a essa proibição, supermercados e outros estabelecimentos que utilizam esse material para acomodar mercadorias, estão distribuindo ou vendendo sacolas plásticas retornáveis, caixas de papelão ou embalagens plásticas 100% biodegradáveis.

Em parte, o problema diminui, pois com uma distribuição restringida de sacolas plásticas, menor será o número delas para serem jogadas na natureza. Mas outros problemas passam a tomar a vez, como é o caso do aumento do uso das caixas de papelão e, consequentemente, um uso maior de papel, ou seja, mais árvores sendo derrubadas para confeccionar esse material. Outro fator de comprometimento, diz respeito às sacolas plásticas retornáveis, que são feitas de um plástico mais resistente (de maior densidade), e que, na natureza, demora ainda mais para degradar. E quanto às sacolas biodegradáveis, mesmo tendo seu processo de degradação mais acelerado (pode ser, inclusive, programado) seu preço ainda é muito alto, o que encarecerá a sua aquisição pelos lojistas e, inexoravelmente, seu custo será repassado para as mercadorias como um todo. Além disso, certos catalisadores empregados na fabricação de algumas marcas ou tipos de sacolas biodegradáveis ainda apresentam problemas para a natureza, como é o caso dos catalisadores derivados de níquel e manganês.

Será um problema, também, o sistema de acondicionamento do lixo doméstico. Muitas pessoas têm por hábito ensacar seu lixo nessas sacolas plásticas. Com a escassez desse material, a alternativa será a utilização de sacaria própria para lixo, a qual é de plástico ainda não biodegradável e de densidade, muitas vezes, maior que a das sacolas plásticas comuns. Ou seja, estaremos trocando um problema pelo outro. Temos vários projetos sendo desenvolvidos ou já à beira de entrar no mercado em relação ao plástico, como são os casos dos plásticos degradáveis com luz solar (UNICAMP), os degradáveis fabricados a partir do amido (USP), e alguns outros estudos envolvendo catalisadores que causem impacto zero na natureza. Mas, a utilização desses materiais se dará de forma gradual e lenta, principalmente em relação aos custos de produção, que ainda são altos.

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O problema é sério, e achar que proibir a utilização de sacolas plásticas irá resolver o problema, é tapar o sol com a peneira, ou, trocando em miúdos, não irá resolver nada. O desenvolvimento de uma consciência ecológica mais apurada e em todas as esferas (populacional, empresarial e governamental) é de suma importância para se COMEÇAR a enfrentar o problema. A reciclagem é primordial nesse aspecto, podendo ser considerada a sua implementação como EMERGENCIAL e NÃO NEGOCIÁVEL.

Para onde nos viramos, vemos plástico. Ele trouxe e traz grandes benefícios, como a utilização menor de derivados de madeira, vidro ou metal, entre outros. Uma garrafa de plástico pode levar até 500 anos para se decompor na natureza, mas a sua equivalente em vidro leva aproximadamente o dobro, ou seja, 1000 anos. Além disso, a garrafa em plástico é totalmente reciclável (assim como todo e qualquer plástico), mas a de fabricação em vidro nem sempre pode seguir o destino da reutilização.

Não digo que o pensamento de proibição em relação às sacolas plásticas esteja de todo equivocado, mas precisamos raciocinar de forma mais ampla e rápida. E não são apenas as sacolas plásticas, jogadas na natureza, que causam esse grande problema de acúmulo de lixo em local impróprio e que acabam gerando poluição. Dia a dia, temos vários outros materiais, como garrafas plásticas, embalagens de alimentos, eletro-eletrônicos sucateados, partes plásticas de veículos e maquinários, entre tantos outros. Tudo isso é feito em plástico e polui de forma igual aos sacos plásticos. Isso, sem contar tantos outros vilões, como pneus, vidro, nylon, etc., que também são poluentes.

O problema do lixo deve ser enfrentado como um todo. Falar apenas das sacolinhas plásticas é fazer retórica, e coisa de quem nem sabe do que está falando. E não há mais tempo para medidas preventivas. Ou se age agora, ou ficaremos atolados até o pescoço nesse problema em pouco tempo. Pagamos, na maioria dos lugares, tarifas de coleta de lixo relativamente altas, e querem aumentar ainda mais essas tarifas, com a desculpa de subsidiar sistemas paliativos para a estocagem de lixo comum e custear projetos de reciclagem. Pergunta: além de separar o lixo reciclável, pagar a tarifa de coleta normal (que não é barata), ainda vamos ter que pagar mais essa conta?



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4 comentários:

  1. Me recuso a comentar antes de você me dar notícias suas...rs! Beijos!

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  2. Me dói profundo quando vejo cenas como essas, Márcio.

    Outros seres pagam o maior preço pela nossa ignorância, ganância e ilusão de poder.

    Você, como sempre, é espetacular na escolha dos assustos e na sua abordagem.

    Essa reflexão, só me resta aplaudi-lo de pé.

    Ainda tenho algum resquicio de esperança no ser (des)humano, que deixou de ser.

    Meu beijo...
    Samara.

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  3. Bela reflexão e chamado para acordar amigo!
    As pessoas precisam mudar os hábitos e perceberem que esse problema pertence e afeta todos.
    Cada um fazendo sua parte e dando seu próprio exemplo, gerará novas consciências futuras que também ajudarão a alterar o rumo.
    O problema é que o lixo cresce mais rapidamente aumenta do que a consciência das pessoas.
    abraços

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  4. Meus dois amores por aqui, é alegria em dobro.
    Maninho querido do meu coração, desculpa não ter comentado logo, mas é assim: estava trabalhando, assunto merecia total atenção, por isso a demora.
    Mas aqui estou para aplaudir esse precioso texto.
    Queria mesmo era aplaudir de pé, mas iria ficar difícil de explicar para a galera depois. Rsss
    Por isso fico toda orgulhosa de te ler, para uma amiga minha que está ao meu lado.
    Digo ouça o texto do meu irmão, leio para ela.
    Depois lhe digo: não é supimpa?
    Ela com certeza! É de família Fê?
    Eu digo: É de coração mesmo!Rsss..
    Mas há de se ter consciência mesmo , isso não é brincadeira.
    Portanto lutar por isso é ato de amor.

    Beijo Marcio
    Fernanda

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