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09/08/2011

Apartes Inconvenientes!


Convenhamos que em uma conversa entre duas pessoas primordial é o diálogo!

Em um monólogo não há caracterização de uma troca de idéias, haja vista somente um dos pólos expor o seu ponto de vista, restando à outra parte somente a concordância, havendo ou não aceitação do assunto que foi abordado.

É óbvio quem em se tratando de uma conversa com as características que vão de encontro ao citado no segundo tipo acima exposto, há de se convir que a parte ouvinte já deva estar devidamente conscientizada que eventuais apartes não são bem-vindos e até não são permitidos para que haja uma perfeita seqüência no entendimento do assunto explanado pelo expositor.
Também se torna óbvio que em um diálogo, sempre são bem-vindos os apartes desde que devidamente enquadrados no assunto que está sendo abordado.

Difícil de fazer-se conciliação é quando se está em pleno desenvolvimento de uma idéia e há uma interrupção que destoa totalmente do assunto que está sendo ventilado e, infelizmente não é muito incomum haja vista o desenvolvimento da inconveniência que está se alastrando em matéria da educação em nosso país!

Dia desses fiquei horrorizado quando assistia a uma palestra interessantíssima proferida por um doutor em Direito de altíssima reputação e que contava horas como atividade complementar curricular para os discentes de uma Universidade do ABC. Lá pelas tantas, uma aluna do quarto ano de Direito da Universidade levantou a mão e lhe foi dada a devida atenção pelo palestrante para que ela formulasse alguma pergunta. A aluna, já balzaquiana, indagou acerca da lista de presença que teria de assinar para que não se esquecessem de computar as horas que ela estava ‘ganhando’ por estar presente na palestra! Houve um mal estar geral dentre os presentes que lá estavam interessados pelo assunto abordado e não apenas pelas horas que computariam como atividade complementar. O expositor, como só poderia ser esperado de alguém de tanto gabarito, alegou que não tinha conhecimento dessa lista e que a ‘jovem’ poderia procurar alguém de direito que poderia fornecer-lhe este esclarecimento. Houve conotação claríssima, pelo menos assim eu achei e creio que também ficou patente para o Mestre que lá estava fazendo sua exposição, que o assunto tão interessante por ele estava abordado não estava em absoluto interessando àquela aluna e quiçá a outros por lá também presentes.          

Outra forma de aparte que, pelo menos na parte que ‘me toca’ me deixa possesso é aquela efetuada quando estou iniciando a construção de uma explanação e sou interrompido numa intervenção completamente equivocada em relação ao complemento que daria na seqüencia da minha idéia!

Há pessoas que, não contentes em efetuar uma interrupção ‘inconveniente’ vão repetindo interrupções ao longo da explanação fazendo com que a construção da idéia vá ficando enfadonha e via de regra, não causando o impacto que se queria atingir ao final da narrativa. Como exemplo, vale a seguinte construção de uma narrativa:

Dialogante 1: Outro dia eu estava no portão de minha casa e fui abordado pelo meu vizinho...
Dialogante 2: Que lhe pediu dinheiro emprestado...
Dialogante 1: ... Que veio me contar acerca do ocorrido na esquina no último final de semana...
Dialogante 2: Ah! O ‘cara’ veio fofocar...
Dialogante 1: ... Quando um nosso outro vizinho foi assaltado...
Dialogante 2: ... E ele conhecia quem foi o autor do assalto...
Dialogante 1: ... E a policia chegou a tempo de impedir...
Dialogante 2: ... Aí ele foi assaltado pelos policiais...
Dialogante 1: ... Que os meliantes levassem o seu carro!
Dialogante 2: Esses 'caras' ganham prá isso! Não fizeram mais do que a sua obrigação!

Eu achei as intervenções do Dialogante 2 totalmente inoportunas e totalmente fora do contexto. Não sei se estou sendo radical e ranzinza demais!      

                                                                                                                                                                                            HICS
                                                                                                        

13/06/2011

Síndrome da Nota

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'Nos antigamente' o aluno seria considerado apto a 'pular' para a série seguinte do curso que estava frequentando quando atingisse TODO o programa que era ministrado pela escola e quando também cumprisse todas as suas obrigações de discente, no que concerne ao aproveitamento e disciplina.
O aluno poderia ser o NOTA CEM que normalmente, assim como aquele que eventualmente fosse um NOTA CINQUENTA, também era submetido aos exames regulares que englobavam exame oral e as avaliações de comportamento e aptidões físicas.

Lembro-me que muitos colegas de classe que eram alunos NOTA CEM sentiam-se perfeitamente adaptados ao fato de mesmo estando devidamente preparados em todas as disciplinas, comparecerem com os demais colegas para a realização dos exames finais. E, estando devidamente preparados, sentiam-se na obrigação de irem bem nas provas, haja vista seus domínios sobre os diversos assuntos que lhes foram repassados.

Fui de uma época que era necessário submeter-se a um exame de admissão para ingressar em escolas públicas e havia uma espécie de cursinho que era frequentado por aqueles que concluíram o curso primário, que lhes dava subsídios para acompanhar as disciplinas que teriam de enfrentar em seu curso ginasial.

Como ingressei em meu curso primário com um 'pouquinho de atraso', haja vista o ter iniciado já com 9 anos de idade (o normal era que a criança iniciasse seus estudos no antigo curso primário com 7 anos...), ao terminá-lo fui 'de imediato' e sem passar pelo cursinho de admissão, prestar o exame que, em sendo aprovado, me daria direito de ingressar no curso ginasial.
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Na média, como sempre foi a tônica de minha vida, não sem alguma surpresa, consegui uma vaga para cursar o ginásio industrial em uma escola estadual denominada IE Dr. Júlio de Mesquita.
Senti grandes dificuldades nas aulas que assisti inicialmente, pois sem haver frequentado o cursinho de admissão, não raro ouvia de alguns professores a expressão: “isso eu não vou repetir, pois vocês já estudaram na admissão... Então, eu literalmente 'rodava' nas avaliações que nos eram impingidas.

Confesso que se isso ocorresse nos dias de hoje eu estaria enquadrado nos casos de 'bullyng', pois sofria muito com a minha fraca performance, e não raras vezes fiz o caminho de volta à minha casa com lágrimas que teimavam em rolar pelas minhas faces.

Nós éramos submetidos a avaliações constantes e prestávamos exames obrigatórios ao final de cada semestre letivo. Recordo-me que ao final do primeiro semestre, num seu procedimento costumeiro, nossa professora de matemática chamava pelo nome do aluno, aguardava que ele se levantasse e dizia em alto e bom som a nota que ele havia conseguido em seu exame. O aluno sentava-se novamente e era chamado um próximo, repetindo-se o mesmo procedimento.
A professora Alice chamou pelo meu nome, levantei-me e ela impessoalmente vociferou minha nota:
-- ZERO!

Enquanto alguns risinhos abafados de alguns colegas de classe ribombavam pela minha cabeça, nem precisei sentar-me novamente, pois caí sentado sobre a cadeira.
Porém, apesar de minha 'tenra' idade, já conseguia discernir que isso fazia parte de um processo e que eu teria de 'dar a volta por cima' para reverter a situação.

Hoje, lembro-me com certo orgulho, que ao final do ano, ao receber minha caderneta de notas, havia conseguido aprovação em todas as disciplinas e considerado apto para prosseguir meus estudos na segunda série ginasial.
A bem da verdade havia conseguido a 'promoção' com quase todas as médias ‘limite’ (que na época era 5...), no entanto, foi para mim uma autêntica vitória haja vista meu início totalmente claudicante e que deixou muito a desejar.

E, por essas e outras que hoje, aos 6.3 ao retornar aos bancos escolares está difícil 'engolir' que jovens usem de todos os artifícios para escaparem de exames que lhe são aplicados ao final dos semestres (aqueles que cursam da forma modular...), como se esses fossem altamente vergonhosos ou 'quase' impossíveis de se obter uma nota para aprovação.

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E pensar que uma promoção nos dias atuais oferece uma gama de facilidade bem maior do que a oferecida em épocas anteriores...
O sistema atual oferece possibilidade de um aluno ser promovido independentemente de realização de um exame se obtiver como rendimento escolar uma média 7. No caso da Universidade que frequento (não devendo diferir muito das outras...), há uma avaliação preliminar que depende única e exclusivamente do MESTRE titular da disciplina, significando dizer que ele pode medir a capacitação dos alunos através de uma avaliação particular, de atribuição de trabalhos, de aplicação de provas, etc.

Se a somatória dos conceitos obtidos na avaliação preliminar e da avaliação oficial resultar em 14 ou mais, o aluno estará automaticamente dispensado de realizar o exame final!
Só há uma penalização maior se o aluno obtiver em sua somatória um valor menor do que 6, equivalendo a uma média de aproveitamento menor do que 3 (obtida pela simples média aritmética do valor obtido pela soma. Por exemplo, se a soma resultar 5, a média de aproveitamento seria 2,5...). Nesse caso, o aluno estaria automaticamente em dependência na disciplina.
Como percebemos, soaria bem mais simples do que épocas remotas...

Já tive por várias ocasiões, oportunidade de conversar com alunos e Mestres, enfocando o fato de que deveriam encarar a necessidade da realização de um exame como algo que faz parte da vida escolar, no entanto, já está enraizado o estigma de que há de se obter a aprovação logo após a realização da prova oficial, valendo tudo na guerra pela obtenção dos pontos necessários para atingir-se o 7. Vale colas, vale denegrir-se a qualidade de ensino dos Mestres, vale desculpas mil para o não cumprimento das obrigações estudantis, vale a exacerbada falta de educação, de moral e de ética tão comum nos padrões gerais de conduta nos dias atuais.


HICS

28/05/2011

EU VI A PONTE SUBMERSA DE ITAPUÍ

Parece incrível, mas eu vi a Ponte submersa de Itapuí!

 Em visita “caminhada” que efetuei as pacatas e aconchegantes cidades do Centro-oeste do Estado de São Paulo, Boracéia e Itapuí, com direito a travessia do limpo Rio Tietê, utilizando os “préstimos” de um “ferry-boat”, que de meia em meia hora transporta veículos de “qualquer monta” de Boracéia para Itapuí e vice-versa, acabei “aportando” na pequena rodoviária de Itapuí.

Tinha como principal finalidade, conseguir uma condução que me levasse de volta à cidade de Pederneiras, local de origem de onde eu havia empreendido a minha caminhada até aquele local (foram aproximadamente 28 km de marcha …).

“Aportei” na “pequena e humilde” lanchonete por lá instalada e primeiramente em pedido informal, solicitei um refrigerante (a constante Tubaina, que impera nestas cidadezinhas do interior … ) e “entabulei” breve conversa com a proprietária da “instalação” (que posteriormente vim a saber se chamar Amanda … não perdi a oportunidade e brinquei indagando se o seu nome foi oriundo de uma homenagem à filha do falecido cantor Antonio Marcos com a também cantora Vanusa …)!

“En passant” comentei com a mesma sobre a epopéia enfrentada com a caminhada empreendida até o local e num repente o diálogo transformou-se em uma míni conferência com inserção de mais dois “assiduos freqüentadores do local” no bate-papo!

Esta “interferência” merece um capítulo à parte nestas minhas citações!

Um dos “envolvidos” nesta interferência, uma figura sui generis no que diz respeito à aparência física: franzino, pele “curtida e queimada pelo sol” e “totalmente alcoolizado”. Porém, apesar de seu alto teor etílico, conseguia, não sem alguma dificuldade, comunicar-se a contento. Em principio, dentro do contexto que se havia iniciado aquela minha conversa, demonstrou certo espanto pela caminhada que eu havia empreendido.

Intermediado por apartes efetuados pela Amanda e pelo outro “pau d’água” presente, o “agradável bate-papo” foi evoluindo.
A conversa enveredou, devidamente direcionada por mim, para aspectos julgados relevantes por eles concernentes à cidadezinha. Foi aí que o franzino Araújo (assim o chamava a Amanda …) “se superou”! Iniciou uma descrição de aspectos que, em sua mente de pessoa alcoolizada, estavam registradas e julgavam relevantes. Disse que o rio Tietê era motivo de muita diversão e fonte de alimentação e subsistência de uma grande parcela da população da cidade e que a construção da barragem na cidade vizinha de Bariri havia “acabado” com a alegria de viver de grande parte da mesma!

A Amanda, de vez em quando e “disfarçadamente”, olhava em minha direção e entabulava “ligeiro sorriso” em consonância com os relatos que iam sendo “desenvolvidos” pelo “impagável” Araújo.

Foi quando “a coisa” se desencadeou! Enquanto relatava o que havia ocorrido com o advento da construção da barragem de Bariri, o assunto derivou para a conseqüente submersão havida em uma ponte que ligava a cidade de Itapuí à vizinha cidade de Boracéia. Ao relatar o ocorrido com a ponte, lágrimas abundantes começaram a rolar pela face do Araújo! Fiquei perplexo por alguns instantes com a situação!

De forma solerte, a Amanda interferiu e explicou que isso sempre ocorria quando o “garoto” mencionava a ponte submersa da Itapuí! Ele recordava sua época de infância, juventude … quando exploravam bastante as idas e vindas de uma cidade à outra via ponte de Itapuí!

O Araújo, por seu turno, voz embargada pelo choro incontido que o acometera, tentava prosseguir relatando histórias e estórias ocorridas naqueles áureos tempos que vivera! A Amanda, acredito que já habituada com aquela situação, enveredou pela brincadeira enfatizando que o Araújo havia parado na delegacia por ter pulado nu de cima da ponte para um mergulho no rio!

Aquele rosto choroso, que eu observava de uma forma entre divertida e curiosa, misturava momentos de riso forçado com expressões de sentimento de saudade incontida!

Explicou-se que o advento “nu de cima da ponte” havia ocorrido na remota época de infância do agora “alcoolizado da estação rodoviária de Tatuí” e que, de acordo com a citação “a meio sorriso” do “envolvido”, não havia sido efetivada solitariamente, haja vista alguns outros “amiguinhos” também participarem da aventura. Aos poucos, a situação um tanto quanto constrangedora causada pelo episódio “lágrimas vertentes na face do Araújo” foi sendo superada e prosseguindo no relato, a complementação citou o fato de que foram as mulheres que também se banhavam nas despoluídas águas do rio Tiete (quisera alguns outros locais por onde o rio serpenteia também pudessem usufruir da pureza destas águas …) que “feridas” em seu pudor por este atentado ao mesmo realizado pelos adolescentes, “apelaram” para um socorro miliciano…



De minha parte, o meu inconsciente, teimava em fixar o semblante choroso, olhos marejados, pensamento distante do saudoso Araújo, em perfeita harmonia com o seu despoluído rio Tiete, em perfeita harmonia com áureos tempos de sua infância, adolescência, juventude…

Naquele semblante cansado, naqueles olhos marejados, naquele desabafo humano e apaixonado por suas raízes, por sua cidade, por seu passado, …, por sua vida, EU VI A PONTE SUBMERSA DE ITAPUÍ!
 

HICS

13/05/2011

PROCEDIMENTO DE FINO TRATO DA GERAÇÃO ATUAL...

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Dia  desses me deparei com algo (quase...) inusitado nos dias atuais, no que se refere ao comportamento educado da nova geração.

Atos simples que deveriam ser procedimentos corriqueiros, e que nos dias de hoje transformaram-se em algo que se releva e que são enquadrados em atos louváveis aos olhos dos que observam regras comportamentais mínimas que denotam uma boa educação.

Com o advento do aumento da expectativa de vida do ser humano (que hoje, em média, está por volta dos 73 anos de idade), proliferaram campanhas e ações visando propiciar uma melhor qualidade de vida aos chamados “enquadrados na 3ª idade”. É bom frisar que, guardadas as devidas proporções, amiúde também se tem ventilado e aos poucos se tem realizado este tipo de ação também para os deficientes, dos menores considerados incapazes civilmente, dos marginalizados, dos injustiçados...

Em relação ao aumento crescente da expectativa de vida da população, cabe aqui comentar a diferença numérica existente em relação à épocas remotas. Conta-se, por exemplo, que Santa Mônica, genitora de Santo Agostinho, faleceu aos 55 anos e já era considerada anciã! Hoje, vemos mulheres em pleno apogeu de sua existência na faixa dos 50 aos 60 anos de idade!

Retomando ao assunto referido no inicio desta, como frequentador/usuário assíduo de transporte coletivo de uma forma geral (ônibus, metrô, trem...) tenho observado os cuidados que têm sido devotados àqueles segmentos da sociedade acima referidos.
Há algumas leis, dentre as quais algumas desde algum tempo promulgadas, e que não eram devidamente seguidas pela grande maioria daqueles que deveriam fazê-lo. Muitos são os exemplos dessas obrigações que deveriam ser seguidas, mas que eram (ou são...) ignoradas na maioria das vezes.

Como um primeiro exemplo, observemos o caso dos estacionamentos cedidos pelos grandes supermercados. Há, nos mesmos locais, sinalizados como para uso exclusivo de idosos e deficientes. Constantemente, vemos pessoas jovens e saudáveis ocupando estes locais reservados e, se porventura forem “abordados” por alguém que efetivamente deveria fazer uso do “privilégio”, nem sempre agem com boa educação ou com espírito de entendimento de seu “erro”.

Há alguns grandes supermercados que optaram por cercar com correntes estes locais reservados, mantendo um funcionário “de plantão” para coibir o uso por parte daqueles que não se enquadram nas condições necessárias e suficientes para sua utilização. Confesso, atabalhoado, que já presenciei eventos de áspera discussão entre o encarregado da liberação do espaço com pessoas que insistiam em ocupá-lo, mesmo sem enquadrar-se nos quesitos exigidos para fazê-lo!

Especificamente reportando-me ao que me deparei e que mencionei em meu preâmbulo, cito caso que ocorreu no interior de um transporte que utilizo frequentemente. Nestes ônibus existem bancos, cujos encostos diferem em sua cor dos demais bancos do coletivo, além de ter grafadas em letras garrafais nos vidros das janelas contíguas aos citados bancos os dizeres: ASSENTO RESERVADO ÀS GESTANTES, AOS IDOSOS, AOS DEFICIENTES E AS MULHERES CARREGANDO CRIANÇAS DE COLO.

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Nem é preciso dizer que, principalmente nos horários nos quais há uma maior incidência de passageiros, existe um tremendo desrespeito a estas normas prescritas. Jovens ocupam os lugares reservados enquanto pessoas que se enquadram nas condições estipuladas para seu uso permanecem em pé, executando verdadeiras manobras para não sofreram quedas com os solavancos originados pela viagem empreendida. E os jovens utilizam-se de vários artifícios para tentar eximir-se da condição de usurpadores que ocupam. Há os que “fingem” cochilar, há os que dialogam com seu colega (também usurpador...) que viaja ao seu lado, há os que fingem ler livros, cadernos, há os que fecham os olhos enquanto embalam-se ao som do seu walkman...

No dia referido, surpreendentemente, um jovenzinho que encontrava-se confortavelmente sentado em companhia de uma amiga em um dos bancos “reservados”, levantou-se e delicadamente ofereceu seu o lugar em que estivera sentado até então para uma idosa que encontrava-se “empastelada” no corredor apinhado do coletivo. A senhora, agradecida, acomodou-se no lugar que por direito lhe pertencia, enquanto o jovem ficou “espremido”, ocupando o lugar que lhe sobrou.

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A jovenzinha, companheira do jovenzinho (convém salientar que ambos portavam uniformes escolares de escolas municipais...) olhou para o “companheiro”, sorriso estampado no rosto, e vociferou:

--- Pô, meu! Se deu mal, hein?

Ao que o jovenzinho respondeu:

--- Sê vê, né? Nóis tem que dá lugá para os véio...



HICS

03/05/2011

O CHATO

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Muito se tem falado, havendo um interessante livro lançado na década de 60 pelo escritor Geraldo Figueiredo de título “Tratado Geral dos Chatos', que aborda sobre o tema. E dentre vários procedimentos não recomendáveis praticados pelos elementos assim considerados, reputo a inconveniência como um dos maiores.

Em tudo (aí, sem exceção mesmo...) que se apresenta durante o transcorrer de nossas vidas, as atitudes inconvenientes destacam-se sobremaneira e, de maneira óbvia, negativamente. Há várias e várias facetas com as quais essas atitudes se apresentam e cada uma, dependendo da ocasião e também da forma com que são colocadas podem ocasionar situações vexatórias deixando os envolvidos constrangidos. Atitudes inconvenientes, praticadas de forma contumaz, tornam-se alvo de conotações sempre negativas tanto por aqueles diretamente envolvidos quanto por aqueles que as presenciam.

Alguns que apresentam e/ou se envolvem em situações inconvenientes de maneira não muito contundente e que as vezes chega a ter uma conotação até hilariante. Por outro lado, muitas apresentam situações altamente recrimináveis e que as vezes provocam reações até agressivas dos diretamente envolvidos.

Nas diversas comemorações, eventos, solenidades nas quais participamos, temos oportunidade algumas vezes de nos depararmos com figuras raríssimas que, de forma premeditada, inocentemente e até sob alegação de “sem querer”, cometem imprudências que transformam o ambiente no qual houve o desenrolar do fato quase que totalmente infrequentável. Dentre os diversos tipos de elementos que frequentemente praticam atitudes inconvenientes, há aqueles que se destacam por serem repetitivos nessas abordagens.

Em meio às pilhérias e galhofas nas quais são enquadrados elementos contumazes nesses tipos de ações, podemos citar diversos exemplos que não deixam qualquer margem a dúvida em relação à justeza da exatidão, ou seja, que tais elementos podem (e devem...) ser classificados definitivamente e de uma forma mais grosseira como chatos.

Um dos mais populares é aquele rotulado como “desfazedor de reunião de amigos”, que é aquele círculo de amigos que se forma, normalmente em reuniões familiares e alguns outros eventos mais informais. O sujeito, via de regra, aproxima-se do grupo com um copo em uma mão e um cigarro aceso na outra. Fica por alguns instantes ouvindo o teor do assunto que está sendo ventilado entre os amigos, e começa a emitir suas opiniões. Normalmente essas opiniões destoam da opinião geral daqueles que lá estavam conversando. Há de se esclarecer que estes elementos dificilmente emitem opinião favorável sobre qualquer assunto que está na baila. Seja qual for o assunto, tem sempre opinião contrária, que diverge totalmente da opinião de todos aqueles que estavam por lá conversando amigavelmente.

Em sendo assim, aos poucos, o grupo que conversava animadamente vai se desfazendo. Um, à guisa de atender ao chamado da esposa, afasta-se. O outro, para “socorrer” o filho que caiu, também afasta-se. Um terceiro, se distancia pois percebeu um aceno que o chamava à distância e que somente ele percebeu... Logo, só resta o chato em companhia de seu copo e de seu cigarro.

Há, como já disse acima, vários e vários outros tipos que podem perfeitamente ser enquadrados no rol dos chatos. Há os tipos que só gostam de conversar cutucando... Há os tipos que só gostam que prevaleça sua opinião, fazendo com que as opiniões dos interlocutores não tenham a menor valia... Há os tipos que sempre tem um caso análogo ao que você acabou de contar.

E há tipos assim como eu que gostam de ficar rotulando os demais como chatos.

Leiam abaixo e reflitam comigo: “É ou não um tipo extremamente chato?”...rsrs.

Bruno é um camarada muito chato! Daqueles que desfaz qualquer “rodinha” de bate-papo da qual se aproxime. Certo dia, em conversa com um dos poucos amigos que o “suportava”, soube que se assoviasse perto de um peru, o mesmo eriçava suas penas e “responderia” com um “glu-glu”.

Como o Bruno é chato, duvidou do que o seu amigo disse. O amigo do chato (que também é um chato), resolveu levá-lo até seu sitio, onde havia um peru para provar o que dizia. Logo que lá chegaram, ao avistar a ave, o chato preparou o “bico” e soltou um assovio. O peru eriçou-se todo e “respondeu”: glu-glu-glu.

O chato empolgou-se! Assoviou novamente e o peru: glu-glu! O chato tornou assoviar, e o peru: glu-glu! Após vários assovios e vários glu-glus, enquanto o chato “preparava o bico” para mais um assovio, o amigo do chato avisou que iria até a casa do caseiro, pois precisava dar algumas instruções ao mesmo, retornando dentro de alguns minutos para irem embora.

O chato somente concordou com um menear de cabeça, enquanto assoviava e o peru: glu-glu! Após aproximadamente meia-hora, o amigo do chato retornou e ao aproximar-se do amigo chato o encontrou com o “bico engatilhado” soltando mais um assovio, …, e o peru, sem mais eriçar as suas penas e com um “ar visivelmente cansado”, suspirava: ufa!ufa!

HICS

20/04/2011

CONTUNDÊNCIA

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De há muito venho analisando e tentando compreender qual o sentido da aparente agressividade daqueles que procuram de forma diferenciada impor suas ideias e o que acreditam ser verdade àqueles com os quais debate ou simplesmente ouvem suas argumentações, deduções e pensamentos.
A eloquência do que se transmite, seja por meio da fala ou da escrita, é tida por muitos como uma forte prerrogativa para o convencimento sendo, via de regra, forte arma para a obtenção de pareceres favoráveis e até para convencimentos e mudanças de opinião.

O que seria de um parlamentar, para se ter um exemplo mais evidente do uso desse expediente, se não se impusesse em um discurso para buscar um convencimento de seus interlocutores no sentido da acatação de uma sua ideia?
Já tive oportunidade de como mero espectador comparecer a cultos proferidos em pequenas congregações (e até em algumas não tão pequenas...) em lugarejos afastados. E por lá tive também oportunidade de constatar, 'in loco' a força que tem o 'poder da palavra'. Elementos auto-intitulados pastores, a guisa de levarem palavras de conforto, lenitivo, esperança, solidariedade elevam seu tom de voz e não raramente conseguem aumentar o 'rebanho de ovelhas' que os considera, por vezes, até enviados por uma força superior para guiá-los na terra.

Em nossa vivência nos deparamos, aqui e acolá com aspectos mais palpáveis e racionais no uso da força da palavra.
Em sendo assim, há obviamente, utilizações na força dessas palavras em sentido de convencimentos que procuram incutir nas mentes daqueles aos quais se procura levar a mensagem esclarecimentos acerca de procedimentos que soam incomuns, mas que, porém, em seu bojo encetam ações não usuais  que sendo melhor esclarecidas podem perfeitamente ser encaradas e introduzidas no rol da normalidade e aceitação.

Em um sentido figurado o uso da contundência enceta utilizar as palavras com sentido de produzir uma grande impressão ocasionando convencimento, sem quase deixar lugar para contra argumentação e à discussão.
Tenho tomado conhecimento de defesa de posicionamentos nos quais é bastante explorado este tipo de argumentação. E na maioria das vezes, esses defensores (as) são imbuídos de muita verve, entusiasmo e poder de persuasão, fazendo com que suas teses sejam moldadas por fundamentos quase irrefutáveis, tolhendo qualquer contrapartida daqueles que, por algumas sem mesmo saber definir por qual motivo, posicionam-se contrariamente ao que é apresentado e debatido.

Concluo então que, aquele que tem o poder da palavra, que utiliza sua eloquência, com uma agressividade moderada moldada em alicerces de justeza e de conhecimento amplo em suas argumentações e que faz uso de uma bem estruturada contundência, atinge de forma plena e total seu objetivo, via de regra demonstrando a validade de sua reivindicação e demonstrando por A + B, que o que apresentou e está defendendo vai ao encontro de atitudes e procedimentos que se ainda não o são deveriam ser perfeitamente assimilados por toda sociedade.


                                                                                      HICS

13/04/2011

TIRO MEU CHAPÉU

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Não poderia postar meu primeiro texto de forma diferente...
Um fato que teve seu desenlace nos últimos dias e que mobilizou grande parte da imprensa escrita, falada, radiofonizada e televisada, despertou na população sentimentos dos mais diversos.

Tive oportunidade de ouvir opiniões totalmente divergentes de pessoas dos mais variados tipos de formação acerca do passamento do ex-vice-presidente da República Federativa do Brasil, senhor José Alencar. Houve até um depoimento de um também septuagenário como ele, que, enfaticamente, arguiu que para compor a fortuna que possuía e que foi conquista em sua ascensão no ramo têxtil, usou e abusou do direito de transgredir leis que protegiam seus funcionários. E alguns outros, mais radicais, argumentavam que por ser político, automaticamente fazia parte de uma corja e, portanto, também fazia parte de uma parte podre da sociedade.

Por meu turno, mesmo antes das idas e vindas do sofrido septuagenário aos hospitais, já nutria um respeito e admiração pela postura, acima de tudo, guerreira, corajosa e responsável que encarou sua doença. E, acima de tudo pelas demonstrações de ilibada conduta e procedimentos em relação às defesas que fazia em prol de certos abusos cometidos pelo sistema financeiro sobre a sociedade brasileira.

José Alencar / image by Google
Na sua primeira internação que acompanhei mais de perto, calou-me fundo reportagem que li na qual enfatizou: “Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho. Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele!”.

Obviamente não sou um formador de opiniões e nem tampouco o dono da verdade, e, como fiz questão de enfatizar em meu perfil de colaborador desta ARENA, concebo textos nos quais procuro repassar aquilo que participei, tirei minhas conclusões e, ousadamente, exponho o meu parecer. Sabedor que ferirei algumas suscetibilidades com esse meu posicionamento, de qualquer forma vou à luta e declaro em alto e bom som:
Para esse brasileiro eu tiro o meu chapéu!

HICS