Convenhamos que em uma conversa entre duas pessoas primordial é o diálogo!
Em um monólogo não há caracterização de uma troca de idéias, haja vista somente um dos pólos expor o seu ponto de vista, restando à outra parte somente a concordância, havendo ou não aceitação do assunto que foi abordado.
É óbvio quem em se tratando de uma conversa com as características que vão de encontro ao citado no segundo tipo acima exposto, há de se convir que a parte ouvinte já deva estar devidamente conscientizada que eventuais apartes não são bem-vindos e até não são permitidos para que haja uma perfeita seqüência no entendimento do assunto explanado pelo expositor.
Também se torna óbvio que em um diálogo, sempre são bem-vindos os apartes desde que devidamente enquadrados no assunto que está sendo abordado.Difícil de fazer-se conciliação é quando se está em pleno desenvolvimento de uma idéia e há uma interrupção que destoa totalmente do assunto que está sendo ventilado e, infelizmente não é muito incomum haja vista o desenvolvimento da inconveniência que está se alastrando em matéria da educação em nosso país!
Dia desses fiquei horrorizado quando assistia a uma palestra interessantíssima proferida por um doutor em Direito de altíssima reputação e que contava horas como atividade complementar curricular para os discentes de uma Universidade do ABC. Lá pelas tantas, uma aluna do quarto ano de Direito da Universidade levantou a mão e lhe foi dada a devida atenção pelo palestrante para que ela formulasse alguma pergunta. A aluna, já balzaquiana, indagou acerca da lista de presença que teria de assinar para que não se esquecessem de computar as horas que ela estava ‘ganhando’ por estar presente na palestra! Houve um mal estar geral dentre os presentes que lá estavam interessados pelo assunto abordado e não apenas pelas horas que computariam como atividade complementar. O expositor, como só poderia ser esperado de alguém de tanto gabarito, alegou que não tinha conhecimento dessa lista e que a ‘jovem’ poderia procurar alguém de direito que poderia fornecer-lhe este esclarecimento. Houve conotação claríssima, pelo menos assim eu achei e creio que também ficou patente para o Mestre que lá estava fazendo sua exposição, que o assunto tão interessante por ele estava abordado não estava em absoluto interessando àquela aluna e quiçá a outros por lá também presentes.
Outra forma de aparte que, pelo menos na parte que ‘me toca’ me deixa possesso é aquela efetuada quando estou iniciando a construção de uma explanação e sou interrompido numa intervenção completamente equivocada em relação ao complemento que daria na seqüencia da minha idéia!
Há pessoas que, não contentes em efetuar uma interrupção ‘inconveniente’ vão repetindo interrupções ao longo da explanação fazendo com que a construção da idéia vá ficando enfadonha e via de regra, não causando o impacto que se queria atingir ao final da narrativa. Como exemplo, vale a seguinte construção de uma narrativa:
Dialogante 1: Outro dia eu estava no portão de minha casa e fui abordado pelo meu vizinho...
Dialogante 2: Que lhe pediu dinheiro emprestado...
Dialogante 1: ... Que veio me contar acerca do ocorrido na esquina no último final de semana...
Dialogante 2: Ah! O ‘cara’ veio fofocar...
Dialogante 1: ... Quando um nosso outro vizinho foi assaltado...
Dialogante 2: ... E ele conhecia quem foi o autor do assalto...
Dialogante 1: ... E a policia chegou a tempo de impedir...
Dialogante 2: ... Aí ele foi assaltado pelos policiais...
Dialogante 1: ... Que os meliantes levassem o seu carro!
Dialogante 2: Esses 'caras' ganham prá isso! Não fizeram mais do que a sua obrigação!
HICS